VIII- Moscou
- Alô?
- Ana?
Foi
quando reconheceu a voz de Theo. Seria possível?
- Theo,
como foi que me encontrou?
- Ah,
oi... É que eu senti a sua falta. Sabe, já faz quatro anos que não nos falamos.
- Pois
é. Como me encontrou?
- Eu
pedi o seu número para a Marcela. Espero que não se importe.
Ana
não respondeu. Não sabia o que dizer. Será que ela se importava? Olhou para o
lado e viu Olavo dormindo tranquilamente. Clara estava na casa de uma amiguinha
e os dois tinham acabado de passar uma noite ótima juntos. Será que ela se
importava?
- Ah,
está tudo bem. Quero dizer, não estava esperando a sua ligação. Você está bem?
- Sim,
estou. É que eu sinto a sua falta, Ana. Sei que talvez seja egoísmo ligar assim, tão de repente, depois de tanto tempo e escancarar o que sinto desse jeito mas a
verdade é que não estou conseguindo levar a vida sem você.
Mais
uma vez, Ana olhou para o lado. Olavo era tão bom para ela e sua vida estava tão boa na
Rússia... Fazia mestrado na Universidade de Moscou e vivia com Olavo há quase
três anos. Clara estava cada dia mais bela e inteligente e adaptara-se
surpreendentemente bem ao clima e personalidade da cidade russa.
- Theo,
as coisas mudaram. Estou aqui na Rússia agora. O que você quer de mim?
- Queria
ver a Clara, ser pai dela. Na época fui muito infantil e me arrependo
todos os dias por isso.
- Eu
sei. Pergunte para a Marcela quantas vezes ela te ligou lá do
hospital, quantos dias ela deixou de ir ao trabalho porque além dos meus pais,
você era a pessoa que mais precisava estar lá e não esteva. E eu não vou dizer
que são águas passadas porque não são, e você sabe. Agora que a Clarinha está
crescida e não tem mais fraldas para trocar é muito fácil me ligar e tentar
reatar. Mas a real, Theo, é que eu estou feliz aqui. Conheci um homem que quis
que eu fosse parte da vida dele e não ao contrário como aconteceu com você.
- Não
sei muito bem o que dizer.
- É,
eu imaginei que fosse dizer isso.
Ana desligou
e viu Olavo acordado, olhando para ela. Dos olhos de Ana brotaram lágrimas
grandes e pesadas que deram inicio a um choro desesperado e
ininterrupto.
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