É possível escrever Para curar Passar a dor Transferir o que pesa Como mágica Sarar Pensar Sem deixar Só brotar O que sempre Calou Na folha, na face, a dor Aos poucos Se transforma em amor E cai
Alguma coisa estava diferente. Ela não sabia exatamente o que era e também não sabia se o que sentia poderia ser classificado como bom ou ruim. Sua mania esquisita de tentar separar em categorias os mais diversos sentimentos fazia com que ela perdesse minutos valiosos de sua vida. Segurou a xícara de café com as duas mãos e deixou que o vapor encontrasse levemente a ponta do seu nariz. Olhava para frente, infinito, tímida, sem saber direito o que procurar. Fazia frio e ficar sentada na grama úmida durante horas já não incomodava como nas primeiras vezes. Sentiu o celular vibrar. Não pagara a conta. Apoiou a xícara no colo, aninhando o objeto entre as pernas cruzadas e colocou uma das mãos atrás de si, apoiando o corpo. Sentiu a grama úmida, a terra entrando embaixo das suas unhas que há muito deixara de pintar. Ouviu alguém se aproximando mas não teve interesse em virar para ver quem era. Naquele momento, ela não se importava e também não queria sair daquela posição e acab...
Fazia tempo que Manu não parava para escrever. Por um segundo, ao ler alguns dos seus textos antigos, sentiu uma nostalgia estranha, como se escrever pudesse voltar a fazer algum sentido, como se a própria criatividade fosse capaz de mostrar-lhe lados que antes não via, reflexões distantes que durante o dia-a-dia corrido não aparecem assim tão simplesmente. Escrever fazia bem, mostrava a verdade e ao mesmo tempo tinha o dom de fazer esquecer ou enfeitar algo que poderia ter sido tão bom quanto realmente foi. Escrever era quase que uma terapia, por assim dizer.
Comentários
Postar um comentário
E aí? O que achou?