sexta-feira, setembro 17, 2010

5am

Como começar a escrever? Ou melhor, descrever.
Porque sinceramente, a felicidade que eu estou sentindo agora não pode ser comparada, explicada ou sequer revivida.

Há tempos que nós estávamos planejando tal conversa. Vivemos distante, mais precisamente à dois oceanos de distância, seis horas de diferença, 9 anos entre uma idade e outra.
Como de costume, arranjei uma amizade mais velha.
E pela primeira vez, não vou alterar nomes ou inventar histórias fantásticas. Apenas o nome de Manu seré mantido.


5 da manhã.
O despertador tocou antes do horário habitual. Embora ele e a menina que dormia ao seu lado não estivessem acostumados a "funcionar" antes da seis, Manu levantou num pulo, sem ao menos repensar a possibilidade de desligar o aparelho e voltar a dormir.
Pegou rapidamente o computador na mesa em frente à sua cama e ligou-o com ansiedade. Seus olhos brilhavam e a esperança mantinha suas pálpebras abertas. Ela sorria e a pesar de saber da possibilidade de seu plano falhar, algo muito maior a fez persistir e ter certeza de que finalmente tudo daria certo.

Mas Alina não estava lá. Não havia ninguém online. Ninguém.
Mas nem por isso Manu se desesperou. Respirou fundo e foi até a página de sua amiga Romena.

"São 5 da manhã e eu estou aqui, online, só por você. Só para você. Se você ler essa mensagem antes das 6, me chame."

Manu não precisou esperar muito. Bastou um suspiro para que a luz do celular acendesse.
Lá estava ela, online, às 5h10 da manhã, horário de Brasília.

Manu sentou-se na cama e atendeu o chamado da amiga no skype.
Como aquilo era possível? Um mês de convivência diária seguido de mais um mês de distância intensa.
Com os cabelos emaranhados e uma camisola grande e larga do Garfield, Manu sorria e lembrava dos potes de sorvete, dos passeios na praia, da tentativa de ir ao pub e também da despedida às 3 da madrugada. A dor que as duas sentiam durante e após cada um dos 30 abraços dados até a despedida final permanecera no coração da menina de olheiras e aparentemente, também perseguia os sentimentos de sua querida amiga que mais parecia com uma boneca, um personagem de algum filme medieval com seus longos cabelos ruivos e cacheados e seus olhos grandes e verdes envoltos pelo rímel sempre retocado e os gigantescos cílios.

Era engraçado como as duas já se entendiam tão bem.
Alina falava e Manu escutava. Mas nem por isso Manu se irritava com isso. De tempos em tempos Manu fazia algum comentário rápido, contava qualquer besteira e voltava a ouvir a amiga. Alina gostava falar, e se pudesse, sem dúvida as duas ficariam conversando por mais de hora. A Romena então contou do trabalho, dos paqueras, dos planos para o futuro enquanto a outra ficava apenas ali, sorrindo, aproveitando cada segundo daquela preciosa conversa matinal.

Faltavam 5 minutos para as 6 da manhã quando sua mãe entrou no quarto. A princípio obviamente estranhou ver sua filha com o computador ligado a uma hora daquelas. Mas ao saber de quem se tratava do outro lado da tela brilhante, sorriu. Foi até a cama da filha e conversou rapidamente com a
amiga estrangeira. Era surpreendente a capacidade que Alina tinha de ser amável a qualquer momento, não importava com quem fosse.
Estavam para desligar quando foi dito "Talvez nós nos encontremos na Espanha!"
Manu e sua mãe se entre-olharam com felicidade e apoiaram assiduamente a ideia magnífica de Alina.

"Vá sim! Seria perfeito se você nos encontrasse em Madrid! Podemos até sair para jantar!" Disse a mãe com uma voz empolgada em direção ao computador.

Conversaram mais alguns minutos e assim foi.
A despedida foi meio estranha por causa de uma falha na conexão, mas isso não alterou em absolutamente nada o bom humor de Manuela.

Ela tinha certeza de que aquele seria um ótimo dia.

1 Comentários:

Às 17 de setembro de 2010 às 19:04 , Blogger Jullie disse...

muito bom :)

 

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