Soluço

Este já está para ser postado faz um boooom tempo...

"Ela era ruiva, tensa e úmida. Os pés descalços na beira da praia já estavam cansados de esperar notícias enquanto o soluço contínuo acompanhava o pulsar do seu coração.

A cada dia a esperança, que um dia fora real, automaticamente era renovada ao mesmo tempo em que novas ondas quebravam na areia grossa e áspera da praia deserta e mais uma garrafa antiga de rum era aberta e consumida sem esforço em menos de alguns minutos.

Seu vestido azul agora já não era mais o mesmo. Tinha um tom acinzentado como o céu que refletia no mar. O gosto da água salgada há muito deixara de incomodar a cada vez que a menina abria uma "nova" garrafa do estoque esquecido pelo tempo.

Soluçava.

Soluçava tanto que muitas vezes se perguntava se aqueles eram soluços de tristeza ou apenas efeito da embriaguez. Na verdade, para ela, isso já não fazia muita diferença.

Já não tinha mais sonhos, não lembrava o próprio nome ou quem ela esperava. Beber e escrever aquela única frase vazia haviam se tornado os seus dois principais vícios.

Para uma menina ruiva que vive entre o céu e o mar, bastariam apenas uma única alternativa:

Ter esperança e continuar rabiscando com um pedaço de olha queimada: "Quando vir me buscar, não esqueça de repor o bar."