Agenda
Ela esta sozinha, cansada, e sem ao menos uma lata de cerveja em casa.
Passava noites de sexta-feira perambulando pelo corredor de quarto em quarto, de canal em canal, mas nada sossegava a sua alma.
Abriu duas ou três vezes a porta da geladeira sempre com a esperança de encontrar alguma amiga perdida lá dentro, mas nada.
Esquecera de fazer compras nesse mês.
Como poderia ter esquecido da sua comida? Da sua bebida?!
Ajeitou as meias para calçar os chinelos entre os dedos de pano e saiu para buscar sua agenda em seu carro amassado. Destrancou o alarme, abriu a porta e lembrou da noite anterior.
O banco ainda estava reclinado e de repente, ela esqueceu o que tinha ido procurar lá.
Entrou no carro, fechou a porta e ligou o rádio. Por sorte, ou ironia do destino, a estação não fora alterada, mas a sua música já estava pela metade.
Sentou-se de perna de índio no banco do passageiro e ao avistar a agenda de couro em cima do volante, lembrou-se do que pretendia fazer ainda naquela noite. Abriu na letra P, abaixou o volume do rádio e esperou pacientemente, toque após toque por uma voz conhecida.
Ela sabia que não era seu dever ligar, muito menos depois de tudo o que passaram ali, naquele banco onde estava sentada, mas mesmo assim, algo muito forte e insistente dentro dela dizia que era preciso fazer aquilo.
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