É possível escrever Para curar Passar a dor Transferir o que pesa Como mágica Sarar Pensar Sem deixar Só brotar O que sempre Calou Na folha, na face, a dor Aos poucos Se transforma em amor E cai
Theo sambava enquanto segurava a cintura de cada moça com segurança e sensualidade, como se a dança fosse uma válvula de escape para tudo o que estava guardando dentro de si. Girava de um lado para o outro, conduzia cada companheira com agilidade, a mesma que o fizera conquistar Ana quando se conheceram. Seu olhar permanecia fixo em algum ponto perdido em meio à multidão que os cercava, enquanto sua cintura eseus pés seguiam o ritmo da música. Eles tinham o incrível poder de fazer qualquer mulher dançar, da mais inexperiente até a mais ousada. Ana era ousada. Na primeira vez em que a viu, estava um pouco bêbado, muito feliz por ter sido aprovado no vestibular de arquitetura na Universidade de São Paulo. Ela estava perto do bar, acompanhada por uma ou duas amigas também muito bonitas, mas que jamais teriam a capacidade de cativá-lo do jeito que ela fez. Olhou para ele, tomou um gole da cerveja gelada e sorriu. Seus olhos verdes sugeriam um toque travesso, como se...
Fazia tempo que Manu não parava para escrever. Por um segundo, ao ler alguns dos seus textos antigos, sentiu uma nostalgia estranha, como se escrever pudesse voltar a fazer algum sentido, como se a própria criatividade fosse capaz de mostrar-lhe lados que antes não via, reflexões distantes que durante o dia-a-dia corrido não aparecem assim tão simplesmente. Escrever fazia bem, mostrava a verdade e ao mesmo tempo tinha o dom de fazer esquecer ou enfeitar algo que poderia ter sido tão bom quanto realmente foi. Escrever era quase que uma terapia, por assim dizer.
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