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Mostrando postagens de abril, 2013

Poeira.

Veio assim, do nada, como quem não quer nada. Renata estava sentada no sofá que acabara de comprar, com os pés em cima da almofada que deveria tomar todo o cuidado do mundo para não sujar. Mas a verdade é que ela não ligava; estava cansada. Seus olhos mareados buscavam na sala vazia algum sentido para viver, qualquer resquício de felicidade que talvez estivesse junto à poeira esquecida no rodapé. Tomou um gole d'água, calmamente. Repousou o copo na pequena mesa de madeira ao lado do sofá e segurou o controle remoto da televisão mas não apertou o botão grande e vermelho. Renata estava só, cansada, frustrada, mas não conseguia suportar a ideia de sucumbir e entregar a sua atual crise existencial nas mãos de um programa de televisão qualquer. Abandonou o controle e, mais uma vez, olhou em volta. Pensou em ler, talvez. Mas ai lembrou que já sabia o final do livro e que a moça morreria, assim, por pura e espontânea vontade, por saber que a vida nada mais era, para ela, do que uma...